Livro de Zacarias
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O Livro de Zacarias é um dos livros proféticos do Antigo testamento da Bíblia.[1][2] Possui 14 capítulos.
"profetas" pós – exílicos, que viveu em uma época em que a comunidade judaica procura reconstruir as suas bases de fé e vida social. Sofrendo ainda as amargas consequências do Exílio na Babilônia, o povo sente-se desencorajado e tem dúvidas sobre a presença de Deus em seu meio.
Zacarias, em oráculos e visões, mostra que Deus continua aí para realizar o seu projeto através da comunidade. O profeta reanima a esperança de um povo que passa por grandes dificuldades materiais e dúvidas de fé e que, por isso, é levado à resignação passiva. Zacarias estimula os compatriotas a arregaçarem as mangas para reconstruir o Templo (ver Esdras 6:14), símbolo da fé e unidade nacional[3].
Zacarias, assim como Ageu se preocupa com a reconstrução do Templo de Jerusalém, mas dá maior destaque à restauração nacional e às suas exigências de pureza e moralidade. Essa restauração deve abrir uma era messiânica na qual o sacerdócio representado por Josué será exaltado (3:1-17), mas na qual a realeza será exercida pelo "Germe" (3:8), termo messiânico que o versículo 12 do cap. 6 aplica à Zorobabel[5]
A segunda parte do livro, formada dos capítulos 9 a 14, foi escrita nos últimos decênios do séc. IV AC[6], período em que os gregos dominavam a Palestina, depois da grande campanha de Alexandre Magno (333 AC). O autor olha para o futuro do povo de Deus. Anuncia também o aparecimento do Messias com três características: rei (9:9-10), bom pastor (11:4-17 e 13:7-9) e «transpassado» (12:9-14). Ao ler esta segunda parte, é impossível não lembrar Jesus entrando em Jerusalém montado num jumentinho (rei-messias), ou quando afirma: «Eu sou o bom pastor»; ou ainda sofrendo a paixão e morte na cruz[3].
Dentre os argumentos que evidenciam que a segunda parte foi escrita em um momento posterior, pode-se citar que:
falta de referência a datas;
A introdução do Livro de Zacarias foi escrita entre outubro e novembro de 520 AC, dois meses após a primeira profecia de Ageu[7] [8], oito visões do profeta ocorreram em fevereiro de 519 AC[7] (Zacarias 2:4). Os caps 7-8 ocorrem dois anos mais tarde, em 518 AC, o cap. 7 é um retrospecto do passado nacional, e o cap. 8 abre as perspectivas da salvação messiânica, ambos a propósito de um problema sobre o jejum, suscitado em novembro de 518 AC [7].
A referência à Grécia em 9.13 pode indicar que os caps. 9-14 foram escritos depois de 480, quando a Grécia substituiu a Pérsia como o grande poder mundial. As profecias que abrangem o Livro de Zacarias foram reduzidas à escrita entre 520 e 475 aC.
Não há dúvidas sobre a autenticidade dos oito primeiros capítulos, mas existem evidências de que os versículos 20 a 23 do capítulo 8 são um acréscimo posterior, sendo os versículo 18 e 19 a conclusão primitiva do l
As oito visões são o cerne da primeira parte da obra e descrevem antecipadamente a restauração definitiva da comunidade. As três primeiras visões (os cavaleiros, os ferreiros, o agrimensor) apresentam as fases preparatórias da restauração messiânica; as duas visões centrais (a investidura de Josué, os dois Ungidos dizem respeito ao governo da nova comunidade; as três últimas (o livro, a mulher no alqueire, os cavaleiros) evocam as condições da restauração final.
Cabe observar que a quarta visão tem características literárias e teológicas particulares, e diferentemente da quinta visão que mantém os dois Ungidos em pé de igualdade[9], confere ao sacerdote um lugar preponderante, o que indicaria que essa quarta visão seja um acréscimo posterior, e que o texto original teria somente sete[10] visões. Tal modificação revela a importância conquistada pelo sacerdote a partir do desaparecimento do príncipe davídico Zorobabel[11] [12]. Sendo que, posteriormente, o novo testamento (Hebreus cap. 3) reinterpretará a profecia declarando que Zacarias se referia à Jesus[1
Zacarias e Ageu "persuadiram o povo a voltar ao Senhor e aos seus propósitos para restaurar o templo". Zacarias "encorajou o povo de Deus indicando-lhe um dia, quando o Messias reinaria de um templo restaurado, numa cidade restaurada".
Dentre as referências à Era Messiânica, pode-se citar, as previsões do ressurgimento da Casa de David (12) e de uma teocracia guerreira (10:3-11:3), mas também cultual no estilo de Ezequiel (14) [6] e dentre as referências ao Messias, pode-se citar.
Duas referências a Cristo são consideradas pelos religiosos como de profundo significado. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em Zacarias 9:9, quatrocentos anos antes do acontecimento (ver Mateus 21:4; Marcos 11:7-10).
Outras passagens no Novo Testamento também ligam-se com o Livro de Zacarias, tais como: Marcos 14:27 e João 19:37[6].
Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em Zacarias 12:10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: "E olharão para mim, a quem traspassaram.". Jesus Cristo, acreditam os religiosos, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela casa de Davi.
A primeira parte do livro, composta dos capítulos 1 a 8[3], contém os oráculos do profeta Zacarias, cujo nome significa "YHVH se Lembra".
Apresentado como neto de Idô (1:1 e 1:7) ou como filho de Idô (Esd 5:1; 6:14 e Targum), deve ter sido chefe da família sacerdotal de Idô, por volta de 500 AC (Neemias 12:16)[4], umas das famílias sacerdotais da tribo de Levi. Ele é um dos mais messiânicos de todos os profetas do AT, dado referências distintas e comprovadas sobre a vinda do Messias."profetas" pós – exílicos, que viveu em uma época em que a comunidade judaica procura reconstruir as suas bases de fé e vida social. Sofrendo ainda as amargas consequências do Exílio na Babilônia, o povo sente-se desencorajado e tem dúvidas sobre a presença de Deus em seu meio.
Zacarias, em oráculos e visões, mostra que Deus continua aí para realizar o seu projeto através da comunidade. O profeta reanima a esperança de um povo que passa por grandes dificuldades materiais e dúvidas de fé e que, por isso, é levado à resignação passiva. Zacarias estimula os compatriotas a arregaçarem as mangas para reconstruir o Templo (ver Esdras 6:14), símbolo da fé e unidade nacional[3].
Zacarias, assim como Ageu se preocupa com a reconstrução do Templo de Jerusalém, mas dá maior destaque à restauração nacional e às suas exigências de pureza e moralidade. Essa restauração deve abrir uma era messiânica na qual o sacerdócio representado por Josué será exaltado (3:1-17), mas na qual a realeza será exercida pelo "Germe" (3:8), termo messiânico que o versículo 12 do cap. 6 aplica à Zorobabel[5]
A segunda parte do livro, formada dos capítulos 9 a 14, foi escrita nos últimos decênios do séc. IV AC[6], período em que os gregos dominavam a Palestina, depois da grande campanha de Alexandre Magno (333 AC). O autor olha para o futuro do povo de Deus. Anuncia também o aparecimento do Messias com três características: rei (9:9-10), bom pastor (11:4-17 e 13:7-9) e «transpassado» (12:9-14). Ao ler esta segunda parte, é impossível não lembrar Jesus entrando em Jerusalém montado num jumentinho (rei-messias), ou quando afirma: «Eu sou o bom pastor»; ou ainda sofrendo a paixão e morte na cruz[3].
Dentre os argumentos que evidenciam que a segunda parte foi escrita em um momento posterior, pode-se citar que:
falta de referência a datas;
- não se fala nem de Zacarias, nem de Zorobabel, nem de Josué e nem da reconstrução do Templo;
- o estilo é diferente;
- utiliza-se com frequência livros anteriores como Jeremias e Ezequiel;
- o horizonte histórico não é mais o do retorno do Exílio na Babilônia, pois Assíria e Egito são apresentados como nomes simbólicos de todos os opressores.
- os capítulos 9 a 11 formam uma seção distinta daquela compreendida nos capítulos 12 a 14, sendo cada uma uma introduzida por um título distinto;
- os capítulos 9 a 11 são escritos em verso, enquanto que os capítulos 12 a 14 são escritos quase que em sua totalidade em prosa;
- os capítulos 9 a 11 se utilizam de textos poéticos pré-exílicos e referem-se a fatos históricos difíceis de precisar, com exceção dos oito primeiros versículo do cap. 9 que referem-se à conquista de Alexandre, enquanto que os capítulos 12 a 14 descre em termos de apocalipse as provações e as glórias de Jerusalém dos últimos tempos.
A introdução do Livro de Zacarias foi escrita entre outubro e novembro de 520 AC, dois meses após a primeira profecia de Ageu[7] [8], oito visões do profeta ocorreram em fevereiro de 519 AC[7] (Zacarias 2:4). Os caps 7-8 ocorrem dois anos mais tarde, em 518 AC, o cap. 7 é um retrospecto do passado nacional, e o cap. 8 abre as perspectivas da salvação messiânica, ambos a propósito de um problema sobre o jejum, suscitado em novembro de 518 AC [7].
A referência à Grécia em 9.13 pode indicar que os caps. 9-14 foram escritos depois de 480, quando a Grécia substituiu a Pérsia como o grande poder mundial. As profecias que abrangem o Livro de Zacarias foram reduzidas à escrita entre 520 e 475 aC.
Não há dúvidas sobre a autenticidade dos oito primeiros capítulos, mas existem evidências de que os versículos 20 a 23 do capítulo 8 são um acréscimo posterior, sendo os versículo 18 e 19 a conclusão primitiva do l
As oito visões são o cerne da primeira parte da obra e descrevem antecipadamente a restauração definitiva da comunidade. As três primeiras visões (os cavaleiros, os ferreiros, o agrimensor) apresentam as fases preparatórias da restauração messiânica; as duas visões centrais (a investidura de Josué, os dois Ungidos dizem respeito ao governo da nova comunidade; as três últimas (o livro, a mulher no alqueire, os cavaleiros) evocam as condições da restauração final.
Cabe observar que a quarta visão tem características literárias e teológicas particulares, e diferentemente da quinta visão que mantém os dois Ungidos em pé de igualdade[9], confere ao sacerdote um lugar preponderante, o que indicaria que essa quarta visão seja um acréscimo posterior, e que o texto original teria somente sete[10] visões. Tal modificação revela a importância conquistada pelo sacerdote a partir do desaparecimento do príncipe davídico Zorobabel[11] [12]. Sendo que, posteriormente, o novo testamento (Hebreus cap. 3) reinterpretará a profecia declarando que Zacarias se referia à Jesus[1
Outros Aspectos em Destaque na Primeira Parte
- 2:10-17 é um apelo aos exilados para que voltem à cidade cujas condições são evocadas na segunda e terceiras visões (2:1-9);
- 3:8.9.10c são uma promessa à Josué depois da visão de sua investidura (3:1-7.9a);
- 4:6b-10a trazem uma garantia ao governador Zoroibabel;
- 1:1-6 e 7:4-14 pregações;
- 8:1-17.20-23 promessas sobre o futuro;
- 7:1-3 e 8:18-19 consulta referente aos jejuns comemorativos das calamidades de 587 AC[11].
[editar] Contexto Histórico
Os exilados que retornaram à sua terra natal em 536 a.C. sob o decreto de Ciro, estavam entre os mais pobres dos judeus cativos. Cerca de cinqüenta mil pessoas retornaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e Josué. Rapidamente, reconstruíram o altar e iniciaram a construção do templo. Logo, todavia, a apatia se estabeleceu, à medida que eles foram cercados com a oposição dos vizinhos samaritanos, que, finalmente foram capazes de conseguir uma ordem do governo da Pérsia para interromper a construção. Durante cerca de doze anos a construção foi obstruída pelo desânimo e pela preocupação com outras atividades.Zacarias e Ageu "persuadiram o povo a voltar ao Senhor e aos seus propósitos para restaurar o templo". Zacarias "encorajou o povo de Deus indicando-lhe um dia, quando o Messias reinaria de um templo restaurado, numa cidade restaurada".
[editar] Messianismo
Zacarias é, às vezes, referido como o mais messiânico de todos os livros do Antigo Testamento.Dentre as referências à Era Messiânica, pode-se citar, as previsões do ressurgimento da Casa de David (12) e de uma teocracia guerreira (10:3-11:3), mas também cultual no estilo de Ezequiel (14) [6] e dentre as referências ao Messias, pode-se citar.
- Como o Servo do Senhor, o Renovo (Zacarias 3:8);
- Como o homem cujo nome é Renovo (Zacarias 6:12);
- Como Rei e como sacerdote (Zacarias 6:13);
- Como o verdadeiro Pastor (Zacarias 11:4-11);
- Rei Messias humilde e pacífico (9:9-10) [6].
Duas referências a Cristo são consideradas pelos religiosos como de profundo significado. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em Zacarias 9:9, quatrocentos anos antes do acontecimento (ver Mateus 21:4; Marcos 11:7-10).
Outras passagens no Novo Testamento também ligam-se com o Livro de Zacarias, tais como: Marcos 14:27 e João 19:37[6].
Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em Zacarias 12:10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: "E olharão para mim, a quem traspassaram.". Jesus Cristo, acreditam os religiosos, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela casa de Davi.
Referências
- ↑ Echegary, J. González et ali. A Bíblia e seu contexto (em português). 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria, 2000. 1133 p. 2 vol. ISBN 978-85-276-0347-8
- ↑ Pearlman, Myer. Através da Bíblia: Livro por Livro (em português). 23 ed. São Paulo: Editora Vida, 2006. 439 p. ISBN 978-85-7367-134-6
- ↑ a b c Zacarias, Edição Pastoral da Bíblia, acessado em 16 de janeiro de 2011
- ↑ Tradução Ecumênica da Bíblia, Ed. Loyola, São Paulo, 1994, p 973
- ↑ Bíblia de Jerusalém, Nova Ed Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Imp (2004), Ed. Paulus, São Paulo, pp 1.250-1.251
- ↑ a b c d e f Bíblia de Jerusalém, cit., p 1.251
- ↑ a b c d Bíblia de Jerusalém, cit., p 1.250
- ↑ Por outro lado, a Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., p 973, sustenta que o início da atividade de Zacarias ocorreu um mês antes do último oráculo de Ageu (Ag 2:10.20)
- ↑ Segundo a Tradução Ecumênica da Bíblia (cit., p 974), esse governo bicéfalo, divido entre o sacerdote e o príncipe, inspirou o princípio da separação entre os poderes civil e eclesiástico da teologia medieval
- ↑ o número sete é associado ao conceito de perfeição
- ↑ a b Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., pp 973-974
- ↑ Cabe acrescentar que, segundo a Tradução Ecumênica da Bíblia (cit., p 974), a coroação simbólica de Zorobabel (6:9-14) indicava que aquele seria o Messias que iria inaugurar a salvação, associado com o sumo sacerdote Josué, mas depois do desaparecimento de Zorobabel, o papel messiânico se concentra na pessoa do sumo sacerdote
- ↑ Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., pp