domingo, 15 de junho de 2014

A VISÃO DO VALE DE OSSOS SECOS

Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos, e me fez andar ao redor deles. Eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos.
Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: SENHOR Deus, tu o sabes.
Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR. Assim diz o SENHOR Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis. Porei tendões sobre vós, farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou o SENHOR.
Então, profetizei segundo me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso. Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito.
Então, ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o SENHOR Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
Profetizei como ele me ordenara, e o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército sobremodo numeroso.
Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo exterminados.
Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu. Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o SENHOR, disse isto e o fiz, diz o SENHOR.
EZEQUIEL 37:1-14
O capítulo 37 é provavelmente o mais conhecido do livro de Ezequiel. Ele responde a uma pergunta feita pela nação de Israel no capítulo 33, verso 10: “Assim falais vós: Visto que as nossas prevaricações e os nossos pecados estão sobre nós, e nós desfalecemos neles, como, pois, viveremos?”. A resposta é dada por Deus, de uma maneira intrigante. Ezequiel havia enfatizado a “desolação” que havia ocorrido na terra prometida (Ez 5:14; 12:20; 23:33; 36:34). Como, então, poderia esta nação morta reviver novamente? Em sua visão, Ezequiel observou que o Espírito de Deus reconstruiria os ossos mortos a nação, dando-lhes tendões, carne, pele e, finalmente, o sopro da vida.
Importa destacar que estes versículos devem ser lidos e interpretados em conjunto com a mensagem que se iniciou no capítulo 34 do livro de Ezequiel. A partir deste capítulo, o Senhor falou de um novo pastor (liderança) e novas oportunidades na terra de Israel (capítulo 35), com a esperança renovada para o crescimento e prosperidade (capítulo 36).
Estas promessas tão esplêndidas foram recebidas, logicamente, com dúvidas e incredulidade pelo povo de Israel. Vários exilados tinham testemunhado a total devastação de suas cidades. Além disso, estavam vivendo sob o punho de ferro dos babilônios, um país tão poderoso que uma mudança de dominação mundial parecia impossível nos próximos séculos. Esse povo via muitos aspectos negativos que os impedia de terem uma esperança de uma nação renovada. Como poderia vir, então, a restauração? A resposta é: somente pelo poder de Deus! Deus regeneraria a nação de Israel, tornando-a forte e poderosa.
A NECESSIDADE DA RESTAURAÇÃO
A afirmação: “Veio a mim a mão do Senhor e me levou pelo Espírito”, do versículo 1, indica que Ezequiel estava tendo uma visão. A expressão “a mão do Senhor” sobre o profeta aparece sete vezes em todo o livro (cf. Ez 1:3; 3:14, 22; 8:1; 33:22; 40:1). Esta expressão indica uma experiência estática quando Deus se manifestava ao profeta Ezequiel.1
O Espírito do Senhor pôs Ezequiel “no meio de um vale”. Este vale havia sido o cenário de uma grande batalha. Havia ocorrido um enorme massacre: “o vale estava cheio de ossos”. Os mortos foram deixados onde caíram e ninguém se preocupou em sepultá-los. De início a visão já deixa bem claro, para o profeta, que Deus não toleraria mais o pecado e com o tempo traria juízo sobre a nação de Israel.
Deus fez Ezequiel “andar ao redor dos ossos”  (v.2). Ele queria que o profeta tivesse uma idéia do número de vítimas e entendesse que ali não havia mais esperança de vida. Entretanto, Deus reafirma ao Seu povo, através desta visão, que Ele tem o poder de dar vida ao que está morto e que para Ele nada é impossível (cf. Mc 10:27).
Deus explicou a Ezequiel que “estes ossos eram a toda a nação de Israel”. Representavam a multidão de Seu povo. A aplicação havia de ser a toda casa de Israel, que incluía tanto o Reino do Norte como o Reino do Sul.
Alguns eruditos acham que Ezequiel teve a visão do “vale dos ossos secos” por volta de 585 a.C. Isto indica que a maioria dos cativos levados a Babilônia com o rei Joaquim havia estado no exílio por mais de uma década. Todavia, muitos outros, a exemplo de Daniel e outros reféns reais que os precederam, já estavam no cativeiro há cerca de 20 anos (desde a primeira deportação em 606 a.C.).
A destruição de Samaria em 722 a.C, e mais tarde a de Jerusalém, no ano 587 a.C, foram experiências dramáticas e traumáticas. Muitos israelitas “perderam a fé”, ou pelo menos viram suas esperanças reduzidas a pedaços por um Deus que parecia ter abandonado Seu povo à triste sorte (cf. Is 49:14). Os falsos profetas haviam anunciado uma breve estadia de dois anos na Babilônia. Porém, com o passar dos anos, a esperança dos exilados foram frustradas. Desvanecera-se toda a esperança de um exílio de pouca duração. Desalentados, os judeus consideravam-se como ossos mortos, branqueados pelo tempo, e espalhados à entrada da sepultura, incapazes de viver outra vez. Segundo o profeta Ezequiel, muitos deportados estavam mais do que desanimados. Esta situação levou os exilados Israelitas a dizerem:“Nossos ossos se secaram e nossa esperança desvaneceu-se; fomos exterminados”  (v. 11).

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