segunda-feira, 5 de outubro de 2009

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE JOSUE

"Percorram o acampamento e ordenem ao povo que prepare as provisões. Daqui a três dias vocês atravessarão o Jordão neste ponto, para entrar e tomar posse da terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá". (Js 1.11).

a) O livro de Josué trata da entrada do povo de Israel na terra de Canaã;
b) O livro cobre um período de 24 anos de história (1451 - 1427 a.C.);
c) A autoria do livro é atribuída a Josué, com exceção dos últimos versículos;
d) Josué era da tribo de Efraim (Nm 13.8).

Seu nome em grego era "Jesus";
e) Josué foi atendente pessoal de Moisés por 40 anos no deserto;
f) Subiu ao monte com Moisés e um dos doze espias (Êx 24.13; Nm 13.8-16);
g) Segundo Josefo tinha 85 anos quando sucedeu Moisés;
h) É um livro de ação impressionante: guerra, conquista e dominação;
i) Três fases do livro:
* Entrada na terra (1-5);
* O domínio da terra (6-12);
* A ocupação da terra (13-24).
j) Canaã representa nossa posição e possessão em Cristo (Hb 4.3, 8-11).

1) CARACTERÍSTICAS DE CANAÃ

a) Canaã é um lugar de descanso. Deus prometeu estabelecer paz na nova terra, o povo se deitaria e ninguém o amedrontaria. Os animais selvagens desapareceriam e a guerra também (Lv 26.6). Em Canaã o povo encontrou grandes e boas cidades que não construíram, com casas cheias do melhor, sem que eles tivessem produzido nada; muita fartura e satisfação (Dt 6.10-11). Essa tranqüilidade reinou de uma ponta a outra do país (1 Rs 4.25).

Esse descanso experimentado pelo povo de Israel em Canaã, representa o descanso que temos hoje em Cristo. Ele convida todos os cansados e sobrecarregados e promete descanso para a alma (Mt 11.28-30).

b) Canaã é lugar de fartura. Deus prometeu tirar seu povo da escravidão do Egito e levá-lo para uma terra boa e vasta, onde manava leite e mel: a terra antes possuída por nações pagãs agora seria do povo de Deus (Êx 3.8). Segurança e grandes produções no campo caracterizava aquela terra (Dt 33.28; 11.10-12).

Em Cristo há plenitude de vida. Jesus veio ao mundo para nós dar vida plena (Jo 10.10), e Deus nos deu essa plenitude para ser desfrutada hoje pela fé (Cl 2.9-10). Há "fartura" de vida em Cristo Jesus.

c) Canaã é lugar de triunfo. Deus prometeu expulsar sete nações maiores e mais fortes que Israel (Dt 7.1). O triunfo é a marca da vida cristã. Em Cristo somos mais que vencedores (Rm 8.37). A Bíblia diz: "Graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo" (2 Co 2.14).

2) PARALELO ENTRE JOSUÉ E EFÉSIOS

Assim como o livro de Levítico no Antigo Testamento faz paralelo com o livro de Hebreus no Novo testamento, o livro de Josué (AT) faz paralelo com Efésios (NT). Existem cinco referências a "regiões celestiais" em Efésios. Podemos dizer com isso que, assim como Israel a "terra", a igreja conquista as "regiões celestiais".

a) Ambas são herança de um povo ecolhido. Deus prometeu sob juramento a terra a Israel para sempre (Gn 13.14-15; Êx 13.5). Deus também nos escolheu antes da criação do mundo e nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3-4).

b) Ambas têm um líder dado por Deus. Moisés começou e Josué continuou a liderar o povo de Deus (Dt 31.7; Js 1.6; 11.23). A incomparável grandeza do poder de Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos e o fez assentar-se à direta de Deus, nas regiões celestiais, acima de todo governo, autoridade e domínio. Tudo isso em favor da igreja (Ef 1.18-22).

c) Ambas devem ser recebidas pela fé. Moisés representava a Lei. Ele não introduziu o povo na terra. Isso coube a Josué (Js 1.1-2). Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais. Essa salvação é pela graça, por meio da fé (Ef 2.5-8).

d) Ambas revelam a glória de Deus. Todos os povos da terra tomaram conhecimento do poder de Deus em favor de Israel (Js 4.24; Dt 28.10; Is 11.11-12; Jr 23.5-8). Hoje, a multiforme sabedoria de Deus se torna conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais, através da igreja (Ef 3.8-10).

e) Ambas são lugares de batalha. Israel conquistou a terra lutando contra povos pagãos. A vida cristã também consiste de batalhas espirituais contra poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Por isso, precisamos nos vestir de toda a armadura de Deus (Ef 6.10-20).

A ENTRADA NA TERRA

Nesse estudo estamos dividindo o livro de Josué em três partes:
1º - A Entrada na terra (1-5).
2º - O Domínio da terra (6-12).
3º - A Ocupação da terra (13-24).

1) A MOBILIZAÇÃO DA FÉ (Cap. 1)

O livro de Josué mostra a transição entre a caminhada do povo de Deus no deserto e a conquista da Terra Prometida (Canaã).

a) Agora é a nossa vez. Deus fala para Josué: "Meu servo Moisés está morto. Agora, pois, você e todo este povo preparem-se para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas" (Js 1.2). Com a morte de Moisés, Josué deveria assumir a liderança do povo. Deus conta com os vivos, não com os que já morreram (Dt 5.1-3). O que recebemos dos primitivos irmãos na fé, devemos vivenciar e passar adiante (2 Tm 2.2).

b) Devemos ser fortes e corajosos. Grande era o desafio, Josué precisava ser forte e corajoso (Js 1.6). Nós também precisamos ser fortes e corajosos na conquista da vida cristã.

c) A obediência faz toda a diferença. Se Josué tivesse o cuidado de obedecer a Palavra de Deus sem se desviar, seria bem-sucedido por onde quer que andasse, pois Deus prometeu estar com ele (Js 1.7-9). Se Deus prometeu devemos confiar (Hb 13.5-6).

d) A liderança deve tomar a iniciativa. Os líderes deveriam mobilizar o povo para a travessia do rio (Js 1.10-11). Hoje também são os líderes que devem tomar a iniciativa para envolverem as pessoas nas mudanças da vida cristã. Se os líderes não agirem, não podemos esperar que o povo tome a frente. Como disse Rick Warren: "Se você quiser medir a temperatura de uma igreja, coloque o termômetro na boca dos líderes".

e) Devemos trabalhar juntos pela obra. Duas tribos e meia ficariam do lado de cá do Jordão, mas os homens de guerra deveriam deixar suas famílias e bens e atravessarem o rio para apoiarem seus irmãos (Js 1.10-14). Isso ilustra o apoio mútuo entre nós hoje. Como membros do corpo de Cristo (a igreja), devemos ter igual cuidado uns pelos outros (1 Co 12.25).

f) A importância do apoio ao líder. Os líderes e o povo prometeram apoio irrestrito a Josué (Js 1.16-18). Hoje vivemos uma crise de liderança. A Bíblia diz que devemos obedecer aos líderes, facilitando seu trabalho e aceitando a natureza de seu ministério que é cuidar de nós (Hb 13.17).

2) A PRUDÊNCIA DA FÉ (Cap. 2)

É muito interessante observar a ordem dos acontecimentos nesse livro de Josué. Depois do encorajamento de Deus, dos líderes e do povo no capítulo anterior, Josué dá o próximo passo com uma atitude de evidente maturidade.

a) A cautela não contradiz a fé. Mesmo contando com a presença de Deus, Josué enviou secretamente dois espias para examinar a terra (Js 2.1). A Bíblia diz que "todo homem prudente age com base no conhecimento, ele vê bem onde pisa; ao perceber o perigo ele busca refúgio (Pv 13.16; 14.15; 22.3).

b) Devemos aliar fé e ação. Raabe escondeu os espias porque acreditava que eles vinham da parte de Deus. A fé e a ação de Raabe e dos espias mostrou cautela nos detalhes (Js 2.4, 9-12, 17, 18, 21). Raabe aparece no Novo Testamento como um exemplo de fé (Hb 11.31; Tg 2.24-25).

3) A TRAVESSIA DA FÉ (Cap. 3)

a) A importância de levantar bem cedo. Josué e o povo levantaram-se bem cedo e partiram para a conquista (v. 1). Não existe uma hora sagrada para ter comunhão com Deus, mas na Bíblia e na história da igreja é comum homens e mulheres de Deus levantarem-se cedo para cultivarem a relação com Deus. O salmista disse: "De manhã ouves, Senhor, o meu clamor; de manhã de apresento a minha oração e aguardo com esperança" (Sl 5.3).

b) Seguir adiante sob a orientação divina. A arca simbolizava o trono do Senhor. O povo deveria seguir a arca, pois dessa forma estava seguindo a direção de Deus em direção a conquista (v. 3). Se o Senhor vai adiante de nossa caminhada, podemos atravessar qualquer obstáculo, até mesmo um rio transbordante pode se abrir em nosso favor.

c) Devemos conservar a reverência. O povo devia manter uma distância de quase um quilômetro da arca. Era um sinal de reverência. Hoje a reverência a Deus anda em baixa. A Bíblia diz que devemos viver a vida cristã com temor e tremor (Fp 2.12). Isso não significa terror, mas reverência, respeito e compromisso com Deus. Nós participamos de um reino inabalável, por isso, devemos ser agradecidos, servindo a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso Deus é fogo consumidor (Hb 12.28-29).

d) Santificação é indispensável. "Josué ordenou ao povo: Santifiquem-se, pois amanhã o Senhor fará maravilhas entre vocês" (v. 5). O pecado nos separa de Deus e nos impede de experimentar suas bênçãos. A Bíblia diz que "o Senhor confia os seus segredos aos que o temem, e os leva a conhecer a sua aliança" (Sl 25.14). Somente uma vida de sacrifício vivo nos capacita a experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2). Onde há santificação há maravilhas de Deus.

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