Certamente poderíamos chamar o livro dos salmos de “diário do povo de Deus”. É que nesse livro como num diário moderno, encontramos pessoas falando de seus temores, dúvidas, tristezas, esperança e alegria. Mas o “diário do povo de Deus” tem como ponto mais forte a vitória pela esperança e fé nos atos de Deus.
Nesse salmo, no primeiro momento, encontramos um salmista (provavelmente Davi) deprimido. Um homem imerso em dúvida. Tanta era sua dor que em seu desespero ele pergunta: Por que, Senhor, te conservas longe? E te escondes nas horas de tribulação? (verso 1).
O motivo de tanta depressão nas palavras do salmista é que na sua conta o ímpio está reinando sem freios.
O ímpio arrogante persegue o fraco (verso 2);
O perverso se gloria de sua cobiça e avareza e até blasfema do Senhor (verso 3);
O ímpio desdenha de Deus. Como Deus o deixa por um pouco de tempo agir, acha o ímpio que Deus é uma autoridade inerte e passiva (verso 4);
Por causa de sua prosperidade terrena, o ímpio desdenha a outros (verso 5);
O ímpio se acha inabalável e segue em suas maldades (verso 6-9);
Acima de tudo o ímpio tem a certeza de que nunca será chamado a juízo (verso 11).
Concentrar-se na ação do ímpio a parte da ação de Deus fez o salmista se vê irremediavelmente desamparado. O salmista como muito de nós por não entender os desígnios de Deus fica perplexo de como Deus tão poderoso e soberano se deixa agredir em sua soberania pelo homem mal.
Na sua ânsia de ver Deus agir o salmista queria despertar Deus à ação: Levanta-te, SENHOR. Ó Deus, levanta a tua mão; não te esqueças dos humildes. Por que blasfema o ímpio de Deus? Dizendo no seu coração: Tu não o esquadrinharás? (versos 12-13).
Quando o salmista tirou os olhos do que estava se passando ao seu redor para interpretar os acontecimentos sob o ponto de vista de Deus, foi como se uma grande luz resplandecesse sobre ele que estava na escuridão da depressão. Ele olhou para a situação lembrando dos feitos de Deus no passado como base para sua ação no presente.
Quando lembrou que Deus não abdica de sua posição de soberania o salmista respirou ares de fé e alegria: Tu o viste, porque atentas para o trabalho e enfado, para o retribuir com tuas mãos; a ti o pobre se encomenda; tu és o auxílio do órfão (verso 14).
Diante do despertamento que teve quando interpretou os acontecimentos sob o ponto de vista de Deus, o salmista pode então dizer:
Senhor, castigue o pecado do ímpio (verso 15);
O Senhor é rei eterno (verso 16);
O Senhor nunca despreza o necessitado (verso 17-18).
A crise que o salmista viveu que é demonstrada nos versos iniciais de seu salmo, era real. O ímpio quando solto faz estragos. Mas a leitura do salmista acerca de Deus era equivocada. Essa má leitura o fazia deprimido. Ele estava julgando a situação pelos olhos humanos. Nesse caso sua esperança e fé desmoronou.
Quando o salmista pôs seus olhos em Deus. No caráter justo de Deus. Nos atos poderosos de Deus no passado, o salmista teve seus olhos iluminados e sua fé e esperança se renovou.
Portanto, podemos dizer que a melhor interpretação de uma circunstância é a que fazemos sob o ponto de vista de Deus. Sob seu caráter e atos passados de justiça. Se olhamos para os acontecimentos ruins com nosso olhar humano ficaremos deprimidos, mas se o fazemos sobre a ótica de Deus, transbordaremos em esperança e fé.
Assim, qual é a sua opção? Deprimido ou entusiasmado?
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