Resumo do Livro do Profeta Ezequiel
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Na primeira etapa do seu ministério, antes que Jerusalém fosse destruída, como é indicado no livro de Ezequiel (Ez), o profeta já havia anunciado que a ruína da cidade se aproximava irremediavelmente (9.8-10). A história do povo de Israel era por inteiro uma série de infidelidades ao Senhor, a quem por várias vezes abandonaram para prestar honras a deuses estranhos. Mas a cidade de Jerusalém era onde se dava a maior concentração de maldades (caps. 8—12), um lugar cheio de crimes que a justiça de Deus não podia deixar impune (22).
Ezequiel queria dar vigor à mensagem que pregava, para fazê-la calar mais fundo no coração dos seus ouvintes, freqüentemente rebeldes e céticos. Como possuía uma voz suave (33.32), os surpreendia, às vezes, com estranhas dramatizações, com atos simbólicos (caps. 4—5) que os convidavam a perguntar-lhe: “Não nos farás saber o que significam estas coisas que estás fazendo?” (24.19).
A queda de Jerusalém veio demonstrar a autenticidade das profecias de Ezequiel (33.21-22). Naqueles momentos, o seu prestígio alcançou provavelmente a mais elevada consideração por parte dos seus compatriotas exilados. De forma especial, a missão do profeta consistiu em fazer as pessoas compreenderem as verdadeiras causas do desastre sofrido, bem como em prepará-las para a obra de reedificação à qual os repatriados haveriam de dedicar-se (36.16-19). E não há dúvidas de que o seu ministério contribuiu, em grande medida, para fazer do exílio na Babilônia precisamente uma das épocas mais fecundas da história do povo de Deus. Ezequiel via no desterro babilônico uma espécie de regresso ao êxodo do Egito, àquele deserto que Israel teve de atravessar antes de entrar em Canaã. E agora, do desterro na Babilônia, haveria de sair, purificado, o novo povo de Deus (20.34-38).
Os temas da pregação de Ezequiel naquele período da sua atividade encerram uma grande riqueza doutrinal, baseada na esperança da salvação que havia de chegar. Ele anuncia que o povo disperso seria reunido novamente e conduzido à Terra Prometida (34.13; 36.24).
Como o pastor apascenta as suas ovelhas, assim o apascentará o Senhor e o guiará a lugares de descanso: “Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o Senhor Deus” (34.15). Particularmente significativa é a linguagem do profeta quando se refere à transformação que o Senhor há de realizar no povo resgatado do exílio: “Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (36.25-27).
A pregação de Ezequiel, enquanto se refere primeiro ao exílio e depois à restauração de Judá e Jerusalém, está contida nas respectivas seções dos caps. 4—24 e 33—39. Entre elas se intercala uma série de profecias dirigidas contra cidades e nações pagãs relacionadas com Israel (caps. 25—32), pois, mesmo que em algum momento Deus tenha se servido dos pagãos como instrumentos da sua ira, a soberba e a crueldade com que se conduziram os fizeram credores do castigo que haveriam de sofrer.
Diz-se que na pessoa de Ezequiel convivem o profeta e o sacerdote, o homem contemplativo e o de ação, o poeta e o raciocinador, o anunciador de males e o arauto da salvação. Tal riqueza de personalidade se revela na sua mensagem profética, igualmente rica e complexa.
Na sua condição de profeta, Ezequiel estava persuadido de haver sido chamado a estar como atalaia sobre Israel em um dos períodos mais críticos da sua história nacional: “veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel” (3.16-21; 33.1-9).
Ao mesmo tempo, na sua condição de sacerdote, anela pelo retorno da glória do Senhor ao templo de Jerusalém (43.1-5; cf. 10.18-22) e revela um grande horror por tudo quanto significa impureza ritual (4.14) e uma extrema minúcia na distinção entre o sagrado e o profano (43.6—46.24).
Os caps. finais (40—48) contêm uma visão do profeta em referência à situação do povo de Israel, quando, no futuro, se reorganizasse como nação e voltasse a celebrar o culto no templo restaurado (40; 43.7,18
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