“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós”. – Mt 5.10-12
Você já foi humilhado, perseguido, injuriado, acusado falsamente, torturado ou sofreu qualquer preconceito ou outro sofrimento por causa do evangelho, ou seja, por causa de sua fé em Jesus Cristo ou de sua opção religiosa?
Se você é cristão e tem liberdade para adorar ao Senhor, alguém ou muitas pessoas pagaram um alto preço para que isto acontecesse. A começar pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que deixou a glória dos céus e humilhou-se, assumindo a forma humana, deixando-se prender, ser torturado, condenado injustamente e crucificado – tudo isso para levar os nossos pecados como um cordeiro mudo (Isaías 53 e Filipenses 2.5-11).
O Apóstolo Paulo, antes um terrível perseguidor do Evangelho, também sofreu em seu próprio corpo as marcas de quem segue a cruz de Cristo. Ele nos descreve, quando escreveu a segunda carta à igreja de Corinto:
“São ministros de Cristo?(falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes; cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez apedrejado;
em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;
em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas.” 2Co 11.23-28
A tradição registra que os primeiros apóstolos foram martirizados, crucificados, decapitados, apedrejados até à morte, enfim, encerraram suas vidas pela via do sofrimento e da dor.
O que dizer então dos milhares, talvez milhões, de cristãos que foram mortos impiedosamente nas mãos de reis, césares e tiranos, ao longo dos séculos. Não podemos nos esquecer dos milhões que, atualmente, são torturados e perseguidos nos países muçulmanos, comunistas e ateus.
Chegam até nós, diariamente, notícias de mulheres cristãs que são seqüestradas, estupradas e mortas por causa de sua fé; pastores, missionários e seus familiares que são vitimidados, sofrendo todo tipo de abusos e violência.
Um exemplo do que ocorre hoje podemos ver ao ler o livro “O Homem do Céu”, que conta a história do irmão Yun, um cristão chinês que levou sua fé às últimas conseqüências, e toda a perseguição que acontece na China, principalmente, desde a 1950.
O irmão Yun converteu-se aos 16 anos, após ver seu pai ser curado de câncer após uma noite de oração. Sua mãe já conhecia Jesus e renovou sua fé ao clamar pela cura de seu esposo.
A família de Yun era extremamente pobre, como a maioria dos crentes e moradores de sua região. Não havia igrejas organizadas, pois após a revolução comunista da década de 50 – os missionários foram expulsos do país e muitos cristãos presos e mortos.
A história de Yun é repleta de milagres e livramentos, mas também nos apresenta um homem que sofreu tudo o que um homem pode sofrer em seu corpo – foi extremamente torturado em dezenas de vezes em que esteve preso – e nunca negou a Cristo nem traiu seus irmãos.
O ponto alto do livro se dá quando o irmão Yun escapa de uma prisão governamental, mesmo tendo suas pernas quebradas e cercado por diversos portões e dezenas de soldados. Repetiu-se ali o mesmo milagre experimentado pelo apóstolo Pedro em Atos 12.
O livro nos desafia a servir a Deus com mais paixão e envolvimento. E, ainda, nos prova que, mesmo em meio ao sofrimento e perseguição, é possível glorificar a Deus.
O irmão Yun nos conta que a igreja chinesa sobreviveu sem templos, sem pastores e missionários desde a década de 50. Todos pensavam que o evangelho não resistiria na China. Mas, na passagem do segundo milênio foram contados mais de 50 milhões de cristãos chineses.
Onde eles foram ganhos para Cristo? Onde se reuniam? Que os treinava e discipulava?A resposta é simples e altamente motivadora para nós: eles reuniam-se nas casas, em células e grupos pequenos. Eram treinados nas cavernas, nas montanhas e nas florestas.
Os novos líderes, que viajavam pelo país para ganhar famílias para o Senhor Jesus Cristo, recebiam o seguinte treinamento:
1) deveriam estar prontos para morrer ou, no mínimo, sofrer qualquer coisa pela causa do mestre. Era um chamado ao sofrimento;
2) deveriam memorizar, em pouco tempo, a maior porção da Bíblia, pois na China poucos têm a palavra de Deus impressa.
3) deveriam aprender técnicas de fuga de prisões e, até mesmo, como saltar de um prédio de 2 andares. Entendiam que há prisões que são propósito de Deus, para manifestação da sua glória. Porém, em outras oportunidades, podem ser ciladas e estratégias do diabo para atrasar e impedir o avanço da obra de Deus. No segundo caso, o cristão tem a obrigação de tentar a sua fuga.
Quando observamos a nossa vida cristã percebemos que há algo errado. Ressalvadas as devidas proporções – a igreja da China vive uma realidade bem diferente da nossa – precisamos reavaliar nossa conduta cristã.
Os cristãos ocidentais – aqueles que vivem nas Américas – não gostam de sofrer. Gostam das bênçãos do evangelho, mas não gostam da cruz, do sofrimento. Por isso, o evangelho diminuiu a sua marcha de crescimento, enquanto o islamismo avança sobre a terra.
A diferença é que para os muçulmanos levar o nome de Ala e de Maomé pelo mundo é uma guerra santa; já para os cristãos a vida cristã é só um lugar de bênção ou uma maneira de resolvermos nos problemas pessoais. 3
A realidade é que não queremos sofrer nem fazer nada que nos traga o mínimo de sofrimento, ou seja, qualquer aborrecimento, cansaço. Queremos sonhar, mas não queremos suar.
Meditando nestas coisas e orando a respeito, entendi porque muitos não querem falar de Jesus aos familiares, amigos ou vizinhos; porque muitos não querem buscar um conhecimento maior da palavra de Deus; porque muitos foram preparados na Escola de Líderes e querem liderar células; porque muitos não querem abrir mãos de 60 a 90 minutos semanais para abrirem suas casas para que nome de Jesus seja conhecido e adorado. A razão é o medo de sofrer.
Muitas vezes, pensamos assim: “Para que sair de nossas casas à noite ou durante o dia, com sol, chuva, frio ou calor? É ruim, a gente pode sofrer com o cansaço! Para que abrir nossas casas, para que pessoas estranhas possam entrar? Podemos sofrer com inveja, roubo e fofocas! Para que falarmos nossa opção religiosa para nossos colegas de trabalho, de escola, ou de nosso relacionamento? Vão nos isolar, tratar com preconceito, nos taxarão de fanáticos, loucos, etc ”.
Será que esquecemos as palavras de nosso Mestre e Salvador Jesus Cristo que disse: “se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Hoje, há muita gente querendo seguir a Jesus. Quando olhamos suas vidas, não vemos nenhuma renúncia e nenhuma cruz. É oportuno lembrar uma antiga canção que nos desafia em seu coro: “sim, eu amo a mensagem da cruz! Até morrer eu a vou proclamar/ Levarei, eu também, minha cruz,/ Até por uma coroa trocar.”
Até quanto estamos dispostos a sofrer? Há cruz e renúncia em nossa vida?
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