sexta-feira, 17 de julho de 2009

PORQUE NÃO CONCORDO COM A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

A doutrina da “confissão positiva” ou “teologia da prosperidade” como é comumente conhecida, teve seu surgimento nos Estados Unidos no início da década de 60. Com sua mensagem do espetacular, chamou logo a atenção de todos; pouco a pouco todo mundo cristão estava frente a uma nova interpretação da Escritura. É inegável que de quando em quando, o arraial evangélico é atacado por algum tipo de modismo teológico, e por ser novidade, logo atrae milhares de seguidores.



Relaciono abaixo alguns dos terríveis desvios doutrinários e por conseguinte, a refutação da Palavra de Deus:



1. A teologia da prosperidade prega a era dos semi-deuses. Que diz: “Você não tem apenas Deus dentro de você, você é um deus.” “Até que compreendamos que somos pequenos deuses e comecemos a agir como tais, não podemos manifestar o reino de Deus na Terra.”



Chegaram ao absurdo de proclamar que “cachorros geram cachorros, gatos geram gatos; e Deus só pode ter gerado deuses…” Interpretando erroneamente Gn 1:26, ensinam esta aberração teológica.

Este pensamento jamais encontrou base na Bíblia Sagrada, nossa regra infalível de Fé; antes, choca-se frontalmente com a Verdade. A Escritura fala do homem, jamais anulando a sua humanidade e revela Deus sempre exaltando a sua Majestade. Todos os personagens bíblicos jamais se apresentaram como deuses ou semideuses, pois nunca esconderam sua humanidade.

Daví declarou: “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?(Sl 8:4). “Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se que somos pó.”(Sl 103:14)



Paulo também não escondeu o que somos, quando disse:

“Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”(Rm 7:24)

Quem lê a respeito dos milagres de Deus no ministério de Elias pela ótica “ hollywoodiana”, tem o retrato de um super-herói de verdade, que não falha nunca, que jamais vai fugir da luta, que ao bradar de sua voz tudo acontece. Mas, Elias, segundo lemos na Bíblia, desanimou, fugiu, sentiu medo e pediu a própria morte. E Tiago acrescenta em sua epístola, estanpando toda a humanidade Elias:

“Elias, era homem sujeito às mesmas paixões que nós…“(Tg 5:17). Faltar-nos-ia espaço neste pequeno opúsculo para enumerar outros exemplos bíblicos, que não vestem o ser humano de nenhuma capa de divindade e nem o apresenta como semideus, mas como o homem limitado carente da Graça de Deus.



2. A teologia da prosperidade prega a doutrina do não adoecimento. Ensina que o cristão fiel está imune às enfermidades. Sinceramente não sei como o patriarca Jó se enquadraria dentro desta doutrina; por certo se o mesmo vivesse hoje, seria julgado pelos seguidores desta doutrina, como alguém com um pecado na vida, como prisioneiro de satanás, e coisas deste tipo.



A Bíblia também nos fala que Timóteo tinha frequentes enfermidades (1 Tm 5:23). Epafrodito, obreiro valoroso de Filipos e companheiro de Paulo, ficou tão doente, que chegou às portas da morte (Fp 2:25-28).



Indubitavelmente, este ensino tem gerado um grande número de crentes hipócritas e ao mesmo tempo frustrados. Li a respeito de um pregador da Confissão Positiva, que ensinava aos seus fiéis a idéia do “não adoecimento”, e com toda eloquência dizia aos seus congregados: “Crente que é crente, não fica doente”. Este pregador um dia ficou doente, e foi levado escondido para o hospital, para que sua igreja não ficasse desiludida com o que ele havia ensinado.



Ao profetizar que no mundo teríamos aflições (Jo 16:33), faz-nos entender claramente, que as enfermidades e dores seriam parte de nossas aflições.

Os arautos da confissão positiva, procuram introjetar em seus ouvintes, a infeliz idéia de que cada crente com fé,é um tipo de “Aladim espiritual”; que basta, ao leve esfregar da lâmpada, tudo vai acontecer. Não nos esqueçamos que o Senhor ouve as nossas orações, quando o que pedimos é segundo a sua vontade: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1 Jo 5:14)

Lembremos que Deus possui maneiras de responder nossa oração. Sobre isto, trataremos do assunto, no capítulo quatro.



3. A teologia da prosperidade ensina que pobreza material é sinal de falta de Fé.

Diz que riquezas são inerentes dos filhos do Rei. E a pobreza não condiz a eles.

Não consigo ver a Cristo, nosso Rei e Salvador dentro desta doutrina. Observemos o que a Bíblia diz dele: “…sendo rico por amor de vós se fez pobre…”(2 Co 8:9). Ele próprio disse, quando aqui esteve: “As raposas teem covís, e as aves do céu teem ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” Jamais pregou que pobreza material fosse algum tipo de maldição, pois declarou: “Portanto, sempre tendes convosco os pobres…”(Mt 26:11).



O apóstolo Paulo, vivendo em comunhão com o Senhor, também passou por privações materiais muitas vezes:”Em trabalhos e fadiga, em vigilias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.” (2 Co 11:27). Aos filipenses ele escreveu com o coração aberto:”Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruido, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.”(Fl 4:11,12). Mas, em meio a estes altos e baixos, ele afirmava com toda a convicção: “Posso todas as coisas nAquele que me fortalece”(Fl 4:13).



Que Deus nos ajude a estarmos neste nível espiritual, e que com riqueza ou sem ela, possamos cantar como cantou o querido Paulo: “Quem nos separará de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez ou o perigo, ou a espada? “(Rm 8:35).



Os que seguem cegamente os proponentes da teologia da prosperidade, vivem diuturnamente com a síndrome do Ter; quando a Palavra coloca em primeiro lugar: O ser. Porque para Deus, não é importante o que temos, mas o que somos. No entanto, a ênfase hoje é Ter. Lamentavelmente, encontramos um elevado número de crentes que teem, mas não são.

O que define nosso caráter cristão, nossa cidadania celestial é exatamente o que somos e não o que temos.



É certo que em nossa profissão de Fé não fizemos “Voto de miséria”, como fazem os franciscanos, que renunciam qualquer vantagem material; por outro lado também, não vivemos iludidos por ensinos que fogem da Verdade da Escritura Sagrada, que estão prometendo, sem medida, o enriquecimento material.

Convicto estou, que o Senhor faz-nos prosperar. Mas, compreendo também, que nem todos os que estão servindo ao Senhor, serão ricos. Jesus disse:”Os pobres sempre tendes convosco”.



Não interpretemos mal, encarando nossos irmãos que sofrem privações materiais, como se eles estivessem em pecado, debaixo de maldições. Jesus Cristo, não nos julgará pelo que temos, mas pelo que somos. Não adentraremos ao Céu de Glória, pelo que temos; mas pelo que somos – Filhos de Deus, redimidos pelo Sangue. Isto sim, define toda a nossa história.

Nenhum comentário :