domingo, 23 de agosto de 2009

UMA MINE RADIOGRAFIA DO CONGRESSO NACIONAL

Um antigo debate conceitual em política contrapõe a democracia representativa à democracia participativa. Nenhum país exerce o poder com o sistema participativo de decisões políticas de maneira ampla e efetiva, senão em algumas situações pontuais. Mesmo os países que implantaram sistemas políticos chamados de esquerda conseguiram utilizar desse sistema participativo; a maioria deles, pelo contrário, exerceu o poder de modo centralizador e ditatorial.

Houve uma experiência na Grécia antiga, com os debates abertos na Ágora e há relatos de que em comunidades primitivas em várias partes do mundo ainda existe a discussão e decisão coletiva para os problemas comuns.

No Brasil, neste momento, o sistema representativo está sofrendo um terrível golpe de falência. O Congresso, repetidamente, por discursos e por ações, não está representando a voz do povo.
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O Presidente do Senado, José Sarney, oscilando nas últimas semanas entre a renúncia e a sua manutenção no cargo, tem sempre avaliado sua decisão pelo número de senadores que o apóiam e na força política do governo federal, que deseja sua continuação.

Em nenhum momento, disse ou agiu considerando a já desacreditada opinião pública. Sempre afirma que permanecerá por ter apoio dos colegas do Senado e seus correligionários articulam os senadores do PMDB, do PT e de outros partidos para engrossar o time dos apoiadores.

Não se ouve nem mesmo o discurso de que os senadores vão debater as questões com a população e considerar a voz rouca das ruas. Sabem que, se for realizado um plebiscito hoje, Sarney seria afastado do cargo por ampla maioria.

O Presidente da Comissão de Ética do Senado até explicitou que a opinião pública é muito volúvel, portanto não deve ser considerada. E o famoso deputado Sérgio Morais também foi claro ao dizer que se lixava para a opinião pública.

A decisão final, portanto, vai ocorrer, como sempre acontece, por uma articulação pelo alto, não importando o que o povão pensa ou deseja. Assim, a representatividade fica restrita ao momento das eleições; depois, os donos do poder tomam as decisões pela sua cabeça e pelos seus interesses pessoais e nem lembram de perguntar o que pensam os seus eleitores.

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