Eleição de Honduras é "oportunidade única" para democracia, dizem EUA
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da Folha Online
O governo dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira que o presidente eleito na eleição hondurenha do próximo domingo (29) terá a oportunidade "única" de impulsionar a "vital" tarefa de restabelecer a ordem democrática no país por meio do Acordo Tegucigalpa-San José, que já foi rejeitado pelo presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya. A maioria dos países do continente, entre eles o Brasil, defende o retorno de Zelaya ao poder antes de qualquer votação.
"O presidente que vier a ser eleito em eleições vistas como livres e justas terá a oportunidade única de promover esta vital missão", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, em comunicado.
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Segundo a nota, a eleição constitui "outro passo crucial" rumo ao restabelecimento da ordem democrático e constitucional em Honduras depois da assinatura do acordo Tegucigalpa-San José no último dia 30, sob mediação americana. Zelaya acabou rompendo o acordo devido à recusa do Congresso de votar seu retorno a Presidência antes da votação.
Os EUA reiteram que o processo eleitoral hondurenho começou "bem antes" de 28 de junho, dia da deposição de Zelaya --chamada de golpe de Estado no comunicado-- e dele participam candidatos "legítimos" que representam partidos com uma longa tradição democrática e de um amplo espectro ideológico.
Kelly afirma também que as eleições ocorrem sob a responsabilidade de um Tribunal Supremo Eleitoral "multipartidário e autônomo" que foi constituído também antes da deposição.
Para Washington, as eleições de domingo, nas quais os hondurenhos escolherão presidente, deputados e prefeitos para o período 2010-2014, "são uma expressão inamovível da vontade soberana" do povo de Honduras.
Assim como fez na segunda-feira o secretário de Estado adjunto americano para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, o Departamento de Estado dos EUA reiterou que "eleições livres, transparentes e justas são necessárias, mas não suficientes, para que Honduras restabeleça a ordem democrática e constitucional".
Kelly destacou que, por esta razão, os EUA, junto com outros países da América, continuarão apoiando a aplicação do Acordo Tegucigalpa-San José "como uma via democrática para os hondurenhos seguirem adiante".
Nesta sexta-feira, a Costa Rica prometeu restabelecer os laços com Honduras se as eleições presidenciais forem justas.
O candidato presidencial favorito, Porfirio Lobo, louvou a decisão presidente costa-riquenho, Oscar Arias, dizendo em uma entrevista à agência Associated Press esperar que outros países latino-americanos gradualmente seguissem o exemplo dele.
"Alguns dos que estão dizendo hoje que não vão reconhecer a votação me disseram que irão reconhecer as eleições", disse ele.
Lobo também prometeu que, se vencer, ele iria incluir Zelaya em um diálogo de reconciliação nacional e sugeriu que o presidente deposto poderia deixar seu refúgio na embaixada do Brasil sem medo de detenção. Zelaya está no prédio desde seu retorno clandestino ao país em 21 de setembro.
O Brasil e a maioria dos países do continente se opõem à realização de eleições sem a volta de Zelaya ao poder, dizendo que isso legitimaria um golpe de Estado, mas o tema do reconhecimento da votação hondurenha rachou o consenso inicial da OEA (Organização dos Estados Americanos) em relação a Honduras.
Após a deposição de Zelaya, os países do bloco decidiram por unanimidade suspender o país, classificando de golpe a retirada do presidente do poder pelas Forças Armadas, apesar do apoio do Congresso e da Suprema Corte à ação.
Mas recentemente o governo americano anunciou apoio à votação, com auxilio técnico e envio de observadores, argumentando que as eleições haviam sido convocadas antes da deposição e seriam a melhor saída para a crise política. Além do Peru, países como Colômbia, Canadá e Panamá devem seguir a posição americana.
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